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Jô Santin e o desejo da terra produtiva | Mulheres que Restauram

PUBLICADO EM: 21 de dezembro de 2021

Nascida em Faxinal dos Guedes (SC) e filha caçula de pais agricultores, Joscimar Marins Santin, Jô, como gosta de ser chamada, diz ter se encontrado no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). “Quando casei com o Vilson Santin, hoje diretor do MST em Santa Catarina, eu comecei a viver mais a vida e a ver o quanto é importante a gente se desafiar. Nós mulheres somos capazes de tanta coisa e às vezes a gente mesmo se diminui. Mas eu vejo, aqui no assentamento, que as mulheres estão começando a sentir confiança e estão se desafiando a serem coordenadoras do núcleo, por exemplo, tendo cada vez mais voz e vez”, afirma Jô.

Hoje eles moram junto com outras famílias no Assentamento Anita Garibaldi, localizado no município de Ponte Alta (SC). “Quando a gente chegou aqui no Assentamento, a 18 anos atrás, esse espaço era cheio de samambaia e um capim que, quando a gente ia limpar a área, cortava as nossas mãos. Então a gente transformou esse local num pedacinho de paraíso”, relembra Jô ao andar pela horta orgânica de onde hoje eles tiram o sustento.

Feijão de vara, repolho, milho-verde, alface, beterraba, cebola, tomate, morangos.. estes são só alguns exemplos dos produtos cultivados por ela, que adora trabalhar com a terra: “a gente cultiva a terra e a terra cultiva a gente”, menciona junto da afirmação de que a nossa maior riqueza é a natureza: “é de fundamental importância nós sempre estarmos cuidando da natureza, protegendo o solo e plantando frutíferas. Esse é o bem maior que a gente tem, isso nos faz viver. Viver com alegria e viver bem.

Em Santa Catarina, o MST assumiu a meta de plantar 4 milhões de árvores nos próximos 10 anos. Esse objetivo faz parte do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis e já está sendo colocado em prática, inclusive com a ajuda da Apremavi, que forneceu mudas para a realização de plantios como o que ocorreu em 17 de abril no Assentamento Filhos do Contestado, onde 3.500 árvores foram plantadas.

Em fase de implementação, os Assentamentos Filhos do Contestado, Neri Fabris e Anita Garibaldi, são acompanhados diretamente por Jô, que atua na articulação entre as mulheres dessas comunidades e apoia a implantação de sistemas agroecológicos. “Nós mulheres do MST somos guardiãs das sementes, que são nosso patrimônio. A nossa rede cuida, planta e também realiza troca de sementes, além de focar na aprendizagem sobre biofertilizantes”, informa a agricultora que acredita que o plantio diversificado e o cuidado com o solo são fundamentais para manter a terra produtiva.

Jô também faz parte da Brigada Sepé Tiarajú, uma articulação que envolve 14 assentamentos do Estado em busca do fortalecimento do movimento e da defesa dos territórios. “Quando a gente quer a terra não é só a terra em si; a partir da terra nós vamos lutar por mais conquistas. Nós que somos agricultores, nós que cuidamos da terra, temos o compromisso de produzir alimentos e plantar árvores. Terra é vida e vida é mudança para todos”, comenta Jô.

O sexto capítulo da Série Mulheres que Restauram conta a história de Jô Santin, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de Santa Catarina. Fotos e vídeo: Acervo Apremavi.

Mulheres que Restauram

​Este é o sexto capítulo da série Mulheres que Restauram. O episódio de estreia foi ao ar no Dia da Terra, com a história de Ercília Felix Leite. O segundo episódio, lançado no dia 24 de setembro, trouxe a história de Dona Helena. O terceiro episódio compartilhou a trajetória de Edilaine Dick no dia 13 de outubro. O quarto episódio, lançado no dia 28 de outubro, lançou a história de Josefa Machado Neves. E no quinto episódio, que estreiou no dia 22 de novembro, a série compartilhou a história da indígena Olinda Yawar.

Mulheres que Restauram é uma iniciativa da Apremavi na Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, com apoio do GT de Gênero e Clima do Observatório do Clima, e tem o objetivo de divulgar histórias de mulheres protagonistas na restauração e no planejamento de propriedades e paisagens, como forma de conscientizar a sociedade sobre a importância da atuação feminina na mitigação da crise do clima e promover o plantio de árvores nativas e a recuperação de áreas degradadas.

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“Este conteúdo não representa, necessariamente, a opinião do Observatório do Clima ou de qualquer um de seus membros.”

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