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Josefa e a felicidade de morar na floresta | Mulheres que Restauram

PUBLICADO EM: 30 de outubro de 2021

“Nós somos mulheres e estamos aqui para restaurar”, essa é a meta de vida de Josefa Machado Neves, presidente da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas de São Félix do Xingu, e estrela do quarto episódio da Série Mulheres que Restauram.

 

Eu moro no meio da floresta. Minha casa é no meio da floresta. Eu sou rodeada de árvores e sou muito feliz pelo meu lugarzinho”, é assim que Josefa Machado Neves recebe as pessoas na sua propriedade, o Sítio Alvorada, localizado em São Félix do Xingu, no Pará.

Quando ela e o marido compraram os mais de 2 alqueires de terra, eles transformaram a paisagem, antes coberta de capim, em uma plantação de cacau. Abandonando a produção de gado, no início eles investiram só no cacau, porque não tinham a visão da importância da floresta como um todo. “Quando nós compramos a terra, não existia o incentivo de cultivar a floresta. Na época eu cansei de cortar os pés de acerola, eles nasciam e eu cortava, eu nem ligava para a acerola”, comenta Josefa.

De uma parceria da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), organização que Josefa preside, com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), é que veio a mudança. “Eu mudei da água para o vinho depois que ouvi falar sobre os Sistemas Agroflorestais (SAFs). Eu fiz cursos para aprender como faz e hoje eu cuido dos pés de acerola com o maior zelo. Eu cuido que nem se cuida de uma criança, porque para mim é uma grande valia as frutas que elas me dão”, diz ela orgulhosa de toda a produção que tem no sítio.

Além de cacau e acerola, Josefa cultiva outras espécies nativas e frutíferas como açaí e cupuaçu. Estes frutos são processados e vendidos como polpas que são usadas, em sua maioria, como complemento da merenda das escolas da região. E é disso que a família de Josefa, e várias outras famílias associadas, tiram o sustento: “eu sempre falo para as mulheres da AMPPF que nós não precisamos derrubar a floresta para podermos ganhar dinheiro. Nós tiramos o nosso sustento do meio da floresta, que também nos traz saúde”.

Além do processamento dos frutos para extrair a polpa, Josefa também aprendeu a processar as sementes e a produzir mudas nativas e geralmente troca espécies com os membros da associação. “As vezes eu tenho uma semente crioula, ou uma muda, que o outro não tem, então nós trocamos para todo mundo ter um pouco de tudo, e nós conseguirmos atender a demanda juntos”, informa Josefa que também se diz orgulhosa e maravilhada com as mulheres que se apegaram ao projeto e à associação: “nós somos mulheres e estamos aqui para restaurar, somos restauradas. Nós não amolecemos com pouca coisa. Nós estamos aqui pro que der e vier, nós estamos aqui prontas e firmes no batente.

E foi através do Programa Florestas de Valor, do Imaflora, que a AMPPF conseguiu apoio para se fortalecer institucionalmente e também um suporte para ampliar sua escala de comercialização. O programa, que atua prioritariamente nas regiões da Calha Norte, Rio Negro e São Felix do Xingu, tem como objetivo valorizar as populações tradicionais e os agricultores familiares e impulsionar atividades agroextrativistas na Amazônia, além de apoiar a estruturação de cadeias de valor e facilitar a sua inserção em mercados, que valorizam sua sustentabilidade e origem.

O quarto capítulo da Série Mulheres que Restauram conta a história da presidente da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas, Josefa Machado Neves. Fotos: Makro Comunicação e Imaflora. Vídeo: Apremavi.

Mulheres que Restauram

​Este é o quarto capítulo da série Mulheres que Restauram. O episódio de estreia foi ao ar no Dia da Terra, com a história de Ercília Felix Leite. O segundo episódio, lançado no dia 24 de setembro, compartilhou a história de Dona Helena. E o terceiro episódio, que estreou no dia 13 de outubro, compartilhou a trajetória de Edilaine Dick.

Mulheres que Restauram é uma iniciativa da Apremavi na Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, com apoio do GT de Gênero e Clima do Observatório do Clima, e tem o objetivo de divulgar histórias de mulheres protagonistas na restauração e no planejamento de propriedades e paisagens, como forma de conscientizar a sociedade sobre a importância da atuação feminina na mitigação da crise do clima e promover o plantio de árvores nativas e a recuperação de áreas degradadas.

“Este conteúdo não representa, necessariamente, a opinião do Observatório do Clima ou de qualquer um de seus membros.”

Gênero e Clima

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